Nota da CPT - RJ sobre as declarações do Superintendente de Agricultura e Pecuária de Campos dos Goytacazes RJ Nildo Cardoso.

02/04/2017 15:07

 A Comissão Pastoral da Terra - CPT vem mostrar sua indignação lamenta e repudia as afirmações do atual Superintendência de Agricultura e Pecuária do município de Campos dos Goytacazes RJ, na pessoa do Sr. Nildo Cardoso, realizadas durante a audiência pública na Escola Técnica Agrícola no último dia 09 de março de 2017. Na ocasião, ele afirmou que o agronegócio será incentivado no atual governo, através de iniciativas de plantação de eucalipto e da soja na região. Tal posicionamento expressa muito a visão de desenvolvimento equivocada político é lamentável, pois essa opção tende a privilegiar um modelo de agricultura altamente degradante em termos sociais e ambientais, que historicamente tem subalternizado e violado o modo de vida das camponesas e camponeses na região.  
O monocultivo do eucalipto e da soja tem resultado na desertificação, na destruição dos biomas e na expulsão de milhares de camponeses do campo, os chamados “desertos verdes”. Os movimentos sociais campesinos e outras organizações já demonstraram que o agronegócio além de não produzir alimentos saudáveis que resulta em insegurança alimentar e não garante a soberania alimentar, se baseia num sistema de exploração e reprodução da desigualdade no campo. 
Nesse sentido, contrário a este modelo desigual, a campanha da fraternidade 2017: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, com o lema é “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15). Esta aponta caminhos para o respeito e defesa da natureza, da terra de Deus, dos povos da terra, uma mensagem que nos provoca a construir novas relações de reconciliação com a criação.  
Fazemos das palavras do Papa Francisco a nossa, em relação à posição soberba da humanidade em achar que somos “donos e senhores da natureza” e com o direito de saqueá-la. Para os povos do campo (acampados (as), assentados (as), assalariados (as) do corte da cana, pequenos agricultores (as), pescadores (as), quilombolas), a terra tem importância fundamental não só para suprir as necessidades de sustento, mas também de dá sentido aos seus modos de vida; assim, o campo para não pode ser reduzido a um espaço de produção agrícola, pois é principalmente lugar da reprodução da vida e de direitos.  
A CPT se solidariza com os povos do campo e reafirma seu compromisso com a missão profética em defesa da vida e dos territórios camponeses. Defendemos a agroecologia na perspectiva da ecologia integral como modo de equilíbrio entre os seres humanos e a natureza, ou seja, o resgate do convívio pleno de toda a criação.  Compartilhamos ainda, as ricas tradições ancestrais, que valoriza o cuidado com a natureza que possui a espiritualidade enraizada na Mãe-Terra, na construção de sociedades do bem viver. 
Reafirmamos nosso apoio as demandas dos (as) camponeses (as) inscritos na carta política da XV Romaria da Terra e das Águas, que ocorreu às margens do rio Paraíba, em julho de 2016, sendo expressão de fé, da confiança em nossa gente e na justiça de nossas causas. Acreditamos superaremos as desigualdades e injustiças sociais se não alterarmos nossas posturas pessoais, ecológicas e políticas. Sob a bênção Divina esperamos que as ações estruturais a essa transformação seja assumida urgentemente pelo governo municipal de Campos e por todos (as) aqueles (as) comprometidos com a construção de uma sociedade mais justiça, fraterna, sustentável social e ambientalmente. 
Campos dos Goytacazes, RJ, 29 de março de 2017. 

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